O ex-agente penitenciário
Roland Lana, compareceu ao Centro Universitário Newton Paiva no dia 29 de
agosto de 2012, para participar de uma entrevista a pedido da professora
Rosângela Guerra, e respondeu diversas perguntas feitas pelos alunos do 2º
período de jornalismo sobre sua profissão.
Lana começou suas
atividades no presidio Nelson Hungria como um agente penitenciário. Depois de
um ano trabalhando, fez um concurso e conseguiu passar. Ficou no cargo por 20
anos. Atualmente, ele trabalha em um albergue no bairro São Francisco como
vigilante.
Ao longe dos anos, Lana
notou uma grande evolução no sistema prisional. Antigamente, ao chegar à
penitenciaria, os presos eram judiados pelos policiais. Porém, hoje tudo mudou
só há agressão física se o preso reagir ao aprisionamento. Ele disse que não só
o sistema do presidio mudou como também os presos. “Imagine um presídio com
30.000 mil detentos, com 24 horas por dia livres! Alguma coisa eles tem de
fazer para se distrair. Tem preso que trabalha, estuda. Na biblioteca eles têm
acesso a vários livros, inclusive os de direito. Já vi preso estudar seu
próprio caso, e muitos sabem mais que advogados."
_ "Vocês sabiam que
teve um detento que, de tanto mandar *catatau para o Juiz, conseguiu negociar
sua pena considerada inafiançável?”. Ele contou também que sofre preconceitos
ate hoje por causa de sua profissão. . "As pessoas têm muito preconceito
quando você diz que é agente penitenciário. Acham que, por eu conviver com
bandido, tenho ligações com eles, ou sou bandido também".
O ex-agente afirmou que, durante esse
tempo, ele está menos emotivo, pois, já se acostumou com os acontecimentos na
prisão. Em consequência disso, ele se sente, mas preocupado, ansioso, e menos
sensibilizado com a morte.
Ao decorrer da entrevista ele ficava com
as mãos tremendo e o olhar fixado quando lembrava de algum momentos que
presenciou. "Lembro-me de uma vez quando
fui chamado para ver do que se tratava a agitação em uma das alas. Foi uma
briga entre detentos, e cinco deles tinham morrido. Os corpos estavam estirados
no chão e havia muito sangue. Momentos depois, ajudei a lavar o chão e, toda
vez que eu conto essa história, sinto o gosto, o cheiro do sangue e todas as
sensações que presenciei naquele dia".
Quando perguntaram se ele era contra ou a
favor da pena de morte, ele simplesmente respondeu: "Sou contra a pena de morte. Preso tem que trabalhar, ocupar a
cabeça. O governo deveria investir nisso aqui - disse apontando para o chão da
universidade. Tem que investir na educação, talvez assim melhorasse muita
coisa." Ele contou também que não são todos os detentos que aprendem o certo
na prisão. Interrogado sobre sua relação com os presidiários ele contou:
"Não cheguei a criar vínculos de amizade
com presos, mas, como o contato com eles era muito próximo, eu acabava os
aconselhando".
Roland Lana é formado pelo Centro
Universitário Uni-Bh em Gestão Publica, em seu trabalho de conclusão de curso,
seu grupo apresentou um documentário chamado: “Sobre a gente” que mostra a
rotina de diversos agentes penitenciários. Para quem quiser ter acesso a este
documentário, bastar ir ate o site Youtube ou então pedir uma cópia na
faculdade da Uni-Bh.