quarta-feira, 21 de novembro de 2012

BRASIL: UM PAÍS DE TODOS?



 Consultor da ONU acredita que a fiscalização cidadã é determinante para eliminar a corrupção.

(A matéria foi produzida através de entrevista publicada pela revista METRO, no dia 23 de Outubro de 2012.)

Por Rayza Kamke


Nícolás Rodríguez García, consultor da ONU para assuntos de corrupção, lavagem de dinheiro e crime organizado, em visita ao Brasil, depôs sobre a corrupção no país, reforçou a necessidade de que os atos de corrupção sejam fiscalizados cada vez mais pela população, e afirmou que o julgamento do mensalão é um passo importante dado pela sociedade brasileira. O país está na 73º posição em ranking composto por 180 nações entre os mais corruptos, segundo a ONG Transparência Internacional.


A convite da entidade Advogados Públicos Federais, Nicolás Rodrígues García esteve no Brasil e comentou sobre o julgamento do mensalão, que teve inicío há 111 dias, e também falou sobre a corrupção no país. De acordo com García, os indicadores não colocam o Brasil numa boa posição mundial quando o tema é corrupção. Pela influência exercida, principalmente na América Latina, o país poderia ser um exemplo, e ter um indicador tão negativo pesa na imagem do Brasil. A corrupção no Brasil é um duto por onde escorrem todos os anos pelo menos R$69 bilhões.

O jurista considera que o julgamento do mensalão servirá de parâmetro para a sociedade brasileira, mas reforça a necessidade de mudanças culturais mais amplas, com os próprios partidos e eleitores expurgando os corruptos. García afirma que o combate à corrupão exige tempo e mudança de mentalidade da população: “É complicado observar isso, principalmente em momentos de situação econômica positiva. O cidadão tende a ter um desvalor social. Se for um roubo de carteira, a pessoa sente. Agora se levam milhões de reais da saúde, da economia, ninguém pensa que esse dinheiro serviria para abrir um hospital, uma rodovia, ou uma escola”.

Segundo García, a condenação dos réus revelam uma mensagem altamente positiva, mas a sentença terá um efeito simbólico. Apenas 5% dos crimes de corrupção são denunciados, somente 16% dos processos penais de corrupção terminam em condenação, e apenas 1% dos corruptos vai para a cadeia, que tem um efeito e uma causa importante em meio as várias multas ou confiscos de bens no meio político. "Os corruptos procuram os melhores advogados, o resultado final contribui para uma porcentagem muito pequena de prisões. Se o cidadão não entender as consequencias de pagar, subornar ou tirar vantagem, não estará conseguindo nada. É uma decisão importante, mas é preciso que todos vejam que estão sendo prejudicados pela corrupção", disse García.

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