Consultor da ONU acredita que a fiscalização cidadã é determinante para eliminar a corrupção.
(A matéria foi produzida através de entrevista publicada pela revista METRO, no dia 23 de Outubro de 2012.)
Por Rayza Kamke
Nícolás Rodríguez García, consultor da ONU para assuntos de
corrupção, lavagem de dinheiro e crime organizado, em visita ao Brasil, depôs
sobre a corrupção no país, reforçou a necessidade de que os atos de corrupção sejam
fiscalizados cada vez mais pela população, e afirmou que o julgamento do mensalão é um passo importante dado pela sociedade brasileira. O país está na 73º posição em
ranking composto por 180 nações entre os mais corruptos, segundo a ONG
Transparência Internacional.
O jurista considera que o julgamento do mensalão servirá de
parâmetro para a sociedade brasileira, mas reforça a necessidade de mudanças
culturais mais amplas, com os próprios partidos e eleitores expurgando os
corruptos. García afirma que o combate à corrupão exige tempo e mudança de
mentalidade da população: “É complicado observar isso, principalmente em
momentos de situação econômica positiva. O cidadão tende a ter um desvalor
social. Se for um roubo de carteira, a pessoa sente. Agora se levam milhões de
reais da saúde, da economia, ninguém pensa que esse dinheiro serviria para
abrir um hospital, uma rodovia, ou uma escola”.
Segundo García, a condenação dos réus revelam uma mensagem
altamente positiva, mas a sentença terá um efeito simbólico. Apenas 5% dos
crimes de corrupção são denunciados, somente 16% dos processos penais de
corrupção terminam em condenação, e apenas 1% dos corruptos vai para a cadeia,
que tem um efeito e uma causa importante em meio as várias multas ou confiscos
de bens no meio político. "Os corruptos procuram os melhores advogados, o
resultado final contribui para uma porcentagem muito pequena de prisões. Se o
cidadão não entender as consequencias de pagar, subornar ou tirar vantagem, não
estará conseguindo nada. É uma decisão importante, mas é preciso que todos
vejam que estão sendo prejudicados pela corrupção", disse García.