domingo, 28 de outubro de 2012

Uma historia de determinação.


O ex-agente penitenciário Roland Lana, compareceu ao Centro Universitário Newton Paiva no dia 29 de agosto de 2012, para participar de uma entrevista a pedido da professora Rosângela Guerra, e respondeu diversas perguntas feitas pelos alunos do 2º período de jornalismo sobre sua profissão.

Lana começou suas atividades no presidio Nelson Hungria como um agente penitenciário. Depois de um ano trabalhando, fez um concurso e conseguiu passar. Ficou no cargo por 20 anos. Atualmente, ele trabalha em um albergue no bairro São Francisco como vigilante.

Ao longe dos anos, Lana notou uma grande evolução no sistema prisional. Antigamente, ao chegar à penitenciaria, os presos eram judiados pelos policiais. Porém, hoje tudo mudou só há agressão física se o preso reagir ao aprisionamento. Ele disse que não só o sistema do presidio mudou como também os presos. “Imagine um presídio com 30.000 mil detentos, com 24 horas por dia livres! Alguma coisa eles tem de fazer para se distrair. Tem preso que trabalha, estuda. Na biblioteca eles têm acesso a vários livros, inclusive os de direito. Já vi preso estudar seu próprio caso, e muitos sabem mais que advogados."

­_ "Vocês sabiam que teve um detento que, de tanto mandar *catatau para o Juiz, conseguiu negociar sua pena considerada inafiançável?”. Ele contou também que sofre preconceitos ate hoje por causa de sua profissão. . "As pessoas têm muito preconceito quando você diz que é agente penitenciário. Acham que, por eu conviver com bandido, tenho ligações com eles, ou sou bandido também".

O ex-agente afirmou que, durante esse tempo, ele está menos emotivo, pois, já se acostumou com os acontecimentos na prisão. Em consequência disso, ele se sente, mas preocupado, ansioso, e menos sensibilizado com a morte.

Ao decorrer da entrevista ele ficava com as mãos tremendo e o olhar fixado quando lembrava de algum momentos que presenciou. "Lembro-me de uma vez quando fui chamado para ver do que se tratava a agitação em uma das alas. Foi uma briga entre detentos, e cinco deles tinham morrido. Os corpos estavam estirados no chão e havia muito sangue. Momentos depois, ajudei a lavar o chão e, toda vez que eu conto essa história, sinto o gosto, o cheiro do sangue e todas as sensações que presenciei naquele dia".

Quando perguntaram se ele era contra ou a favor da pena de morte, ele simplesmente respondeu: "Sou contra a pena de morte. Preso tem que trabalhar, ocupar a cabeça. O governo deveria investir nisso aqui - disse apontando para o chão da universidade. Tem que investir na educação, talvez assim melhorasse muita coisa." Ele contou também que não são todos os detentos que aprendem o certo na prisão. Interrogado sobre sua relação com os presidiários ele contou: "Não cheguei a criar vínculos de amizade com presos, mas, como o contato com eles era muito próximo, eu acabava os aconselhando".

Roland Lana é formado pelo Centro Universitário Uni-Bh em Gestão Publica, em seu trabalho de conclusão de curso, seu grupo apresentou um documentário chamado: “Sobre a gente” que mostra a rotina de diversos agentes penitenciários. Para quem quiser ter acesso a este documentário, bastar ir ate o site Youtube ou então pedir uma cópia na faculdade da Uni-Bh. 

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